Quando um ente querido parte... por Isabel Maria Angélica

12-05-2017 09:09

A nossa família pode ser equiparada a uma floresta, onde todas as árvores que dela fazem parte estão ligadas através das raízes nutridas pela seiva que é o sangue.

Esta floresta/família é a nossa referência ao longo da nossa existência - nascemos, crescemos e desenvolvemo-nos com aquelas pessoas/árvores a ocuparem o seu espaço físico e emocional para as nossas vidas.

Quando uma das árvores da nossa floresta morre, todos os membros sentem o processo em si mesmos. É como se uma parte de todos morresse com aquele membro. Acontece uma libertação energética que pode aliviar ou sobrecarregar os que ficam, pois tudo dependerá daquilo que aqueles que ficam querem fazer com a energia que é libertada com o desprendimento da matéria e a ida de um espírito.

Para a nossa cultura ocidental, o processo da morte não é fácil. Existe apego e uma educação de sofrimento à volta desse momento de dor e passagem. Passamos pela fase da negação, raiva, negociação, depressão e, por fim, se conseguimos fazer o processo com relativa paz, dá-se finalmente a aceitação de mais esta fase da vida.

No ano passado, uma das pessoas que fazia parte da minha floresta mais acercada (o meu primo-irmão) decidiu fazer o caminho da libertação do corpo físico para ir para o espírito. Foi um processo que me ajudou muito a passar por todas as fases num ápice… a parte da terapeuta em mim quis ir, fazer, acontecer, oferecer terapêuticas alternativas, mas o que me foi pedido pelo coração foi o de apenas e só dar amor àquele ser que partia na sequência de uma profunda falta de amor.

Nas horas antes da morte, eu sonhei com ele. Sonhei que o encaminhava para a luz, mas a minha mente lógica, ainda assim, tentou bloquear o evento inevitável e escolhido pela sua alma. Ao acordar, lembrava-me do sonho, mas não quis racionalizar até receber o telefonema. Honrei a sua ida chorando com ele e por ele. Chorando por mim e pelo reajuste energético e emocional que seria viver se ele na minha fisicalidade e da família.

No decorrer do velório e depois enterro, acompanhei o processo da sua alma, os apaziguamentos que eram necessários para que, minimamente, alguma harmonia se pudesse estabelecer para que todas as partes envolvidas aceitassem a escolha daquela alma do nosso ente querido… Em todos os membros da família esta partida tocou e fez saltar as incapacidades, os medos e inseguranças. A floresta estava toda a movimentar-se, quando o que é designado às árvores é a imobilidade e a vivência perene dos ciclos tal como eles são…

Senti de forma clara e inequívoca que naquele momento é essencial o foco no Coração - emanar e sentir amor por aquele que doa a sua energia física para a nutrição da floresta que fica; emanar e sentir amor pelas dores expostas nos olhos que choram e nas palavras de saudade. Pois o amor nos salva e mantém lúcidos em momentos tão fortes. Amar e honrar a possibilidade de termos convivido, brincado, assistido aos momentos mais importantes das nossas vidas…

Por isso, quando alguém da tua floresta decide fazer o caminho até ao espírito, honra a árvore que essa pessoa foi na tua vida. Recebe a matéria e a libertação de energia que ela autoriza a partir do momento que decide ir até ao lado de lá do véu. Chora e faz o teu luto. Permite-te i à raiz da saudade, da experiência e não contenhas, mas sempre mantendo o amor como foco em todo o processo. Assim, libertarás qualquer emoção que, ficando recalcada, irá comprometer a tua própria liberdade na vida.

Caso sintas que o teu coração não está em descanso ou se sentes que o coração da alma do teu ente querido ainda não descansa, estou habilitada, através da Terapia Intuitiva (www.terrasdelyz.net/cura/terapia-intuitiva-por-isabel-angelica/), aceder ao processo pendente e, com o auxílio das equipas espirituais, encontrarmos a forma amorosa de estabelecer o equilíbrio para todos os envolvidos.

Celebremos em amor os ciclos da vida. Honremos a nossa dor para que o amor não se prive de crescer.

- Isabel Maria Angélica

 

Este texto pode e deve ser divulgado desde que respeitada a sua fonte:
Isabel Maria Angélica | 12 de Maio de 2017 | Terras de Lyz | www.terrasdelyz.net