No Caminho da Verdade interior de cada um... de homens para homens...

26-11-2015 16:39
Neste primeiro ano do Caminho da Verdade fizemos 4 Retiros, 4 Círculos, 4 Encontros de Homens para aprofundar a Energia Masculina. Num primeiro ano que foi totalmente experimental, pois nunca tinha dirigido um trabalho destes na Vida, fomos descobrindo em conjunto a forma melhor para entrarmos nesta investigação profunda do que é ser Homem.
 
No primeiro retiro abordámos as feridas primordiais do homem seguindo a perspectiva da psicanálise. Nesse encontro aprofundámos os condicionalismos e formatações que regem a energia masculina a nível colectivo e individual. Chegámos à conclusão que o homem carrega o peso de não poder mostrar a sua sensibilidade ou entrar em contacto com as suas emoções perante a sociedade. Que foi formatado para carregar todos os seus fardos, pessoais, familiares de forma silenciosa e sofredora, isolando-o cada vez mais da sociedade, familiares e amigos, tornando as suas relações superficiais. 
 
A manifestação da essência de cada homem vem carregada de feridas e traumas sofridos na sua adolescência e infância, mas sobretudo das construções mentais sobre os mesmos. Estes foram alguns dos pesos identificados neste estudo da influência de uma era Patriarcal com mais de 5000 anos
 
 
Com estas conclusões apresentou-se como urgente o estudo e análise da influência Patriarcal na nossa formação como homens. E assim no segundo retiro foi esse o tema abordado. Uma das maiores conclusões desse retiro foi que o dicionário de escuta humano passa por um filtro patriarcal que nos leva a interpretar as palavras e conceitos de uma forma distorcida da realidade que buscamos e sentimos. 
 
Descobrimos que, depois de milénios de guerras de fratricidas e de poder, apresentamos um arquétipo de Rei desajustado e autoritário. Um general tirano comandado por uma criança/adolescente interior que, na maioria dos casos, cresceu com a ausência de uma figura paterna efectiva e com um afecto excessivo por vezes por parte da Mãe. 
 
Num mundo ocidental em que se perderam os valores do casamento, da união, em que as pessoas se casam por pressão social e no qual acabam por ter filhos sem a consciência do que é trazer uma criança, uma Vida, ao mundo. Muitos de nós acabámos por ser fruto de compensações emocionais das relações desajustadas dos nossos pais. Perante estas informações ficou clara a necessidade do estudo das nossas partes feridas da infância e adolescência
 
 
Partindo dessa premissa entrámos no nosso terceiro retiro, para a discussão dos arquétipos do Guerreiro e do Amante. Numa viagem de dois dias em que percorremos uma espiral entre os esses dois arquétipos fomos à busca dos momentos da nossa infância e adolescência que nos marcaram. Nesses momentos, cristalizados no tempo em que fomos “traídos” pelo nosso Sol/Pai ou pela nossa Lua/Mãe. 
 
Perante tal evidência ficou claro que a partir desses acontecimentos traumáticos começámos a construir um muro de protecção à nossa volta. Um muro que nos protegia dessa traição e da noção que não se pode confiar nos humanos, pois fomos traídos pelas figuras mais importantes no nosso crescimento. Esse muro inconsciente que se vai construindo não é mais que uma construção mental que foi sendo alimentada ao longo das nossas vidas, a qual criou também um filtro que nos empurra a ver as situações a partir desses traumas passados, influenciando e manipulando a informação e as relações que vão chegando às nossas vidas. 
 
Ficou então bem assente a noção de que esses momentos cristalizados no tempo não podem ser alterados. São passado e o passado já passou. A falta de Amor, validação, apoio, compreensão, etc, que ficou desses dias pode ser sim compensada e ajustada em círculo. No jogo dos espelhos e no reconhecimento entre irmãos. Perante tudo isto ficaram algumas perguntas no ar. Afinal o que nos rege? O que rege o nosso interior? O que rege a nossa manifestação? 
 
 
Com estas perguntas partimos para o 4º e último retiro do ano de 2015, A Morte do Rei. Partindo de uma perspectiva de análise interior, do nosso Rei interior, mergulhámos bem para dentro, analisando o que nos rege e como afecta os nossos relacionamentos. O homem é regido por uma troika composta pela criança traumatizada, pelo adolescente revoltado e pelo general tirano do quero posso e mando. Tudo isto junto dá um Rei desajustado que crê que sabe tudo, que crê que age sempre correctamente e muito atreito à crítica ou à discussão sobre as suas convicções. 
 
Com esta nova perspectiva fomos analisando os nossos relacionamentos com os nossos familiares, entes queridos, amigos e profissionais. Fomos abrindo as portas nos nossos Corações para que se desatem esses nós que nos apertam a Alma. “Matando” assim o um Rei desajustado que nos rege e abrindo a porta para a incubação de um novo Rei durante este período Lunar e de recolhimento até que nos encontremos num próximo retiro antes da Primavera.
 
 
Uma palavra de gratidão aos homens que assumiram este compromisso de investigação e de cura da Energia Masculina, das Águas Verticais. Com a vossa ajuda percebi que construímos um sítio seguro onde o Homem se pode manifestar sem receios de julgamento. Onde podemos atravessar a Noite Escura da Alma com o apoio, força e reconhecimento dos seus irmãos. Um sítio onde, passo a passo, cada homem pode reconstruir-se rumo à sua essência e ao seu Coração Sagrado. Muita gratidão pelos momentos de magia e de cura com meditações de activação e consciência, pelos cânticos sagrados partilhados e pela efectiva Irmandade que se construiu e que continuamos a construir.
 
 
Continuaremos assim em 2016 com mais 4 retiros previstos e com novas dinâmicas pelo país para que possamos chegar a mais Corações Masculinos em Portugal. No Caminho da Verdade interior de cada um. Na Senda do Jaguar rumo à impecabilidade, à dissolução da nossa sombra, transformando-a em Luz, Consciência e Alegria.  
 
AHO