O ideal versus o real por Isabel Maria Angélica

01-09-2016 15:57

O ideal versus o real 

por Isabel Maria Angélica

 

Vivemos num mundo de idealizações. Idealizamos os artistas, famosos e estrelas. Colocamos os olhos nas pessoas comuns, damos-lhe um pedestal e ali ficam intocáveis alvos das nossas projecções. 

Este comportamento não é novo no ser humano. Fazemos isso nos últimos milhares de anos - arranjamos uma deidade, fica no pedestal e passa a ser a mirada dos nossos desejos de perfeição - é através dessa deidade que queremos cura, milagres e, acima de tudo, a manifestação daquilo que achamos que somos: perfeitos!

Mas existe um princípio básico nisto tudo e que é crucial não esquecer - todos eles são "construídos" a partir da NOSSA necessidade de elevação e idealização. Portanto, há sempre um reflexo subjectivo à partida manifestado em expectativas. 

Respiremos...

E é o que fazemos com os mestres, gurus e guardiões de círculos. Fazemos isso com os professores e idolatramos as estrelas da música. 

Aquele SER HUMANO passa a receber todas as nossas projecções e desejos. Passa a ser o amigo e o inimigo, o pai e o amante, a mãe e a madrasta. Deixamos de conseguir discernir quem é na realidade aquele ser que colocámos no pedestal e passamos a vê-lo apenas e só a partir das nossas necessidades e frustrações. Assim, vamos perdendo o contacto com a humanidade - deles e nossa, assumindo que o outro fora de nós merece ser endeusado quando estamos bem connosco próprios ou castigado e julgado quando falha às nossas expectativas pessoais. 

Então podemos concluir que, de uma forma geral, todas as relações humanas são subjectivas. E depois quando AQUELE ser humano "falha" porque não corresponde à expectativa pessoal de alguém, passa a ser o alvo de um consciente que se une apenas e só para falar mal dele. Juntamos-nos em grupos para falar mal daquele cantor, ou daquele professor, ou daquele governante sem termos consciência da energia negra que é enviada para aquele alvo. Só assim de uma forma espontânea nos juntamos a alguém em grupo ou círculo pois temos um "inimigo" em comum. 

Claro que o que escrevo aqui não é um estudo psicológico baseado em factos científicos pois, primeiro, não sou psicóloga nem nada que se pareça, nem estudei factos científicos. A Vida é a minha professora e a consciência que vou desenvolvendo permite-me a inteligência de entender os fluxos energéticos que me tocam de dentro para fora e de fora para dentro. 

Posso ainda dizer, a partir da base que mencionei atrás, que o desafio do ser humano não é afinal este da arrogância do julgamento e juízo de valor que leva à manifestação de energia negativa. O desafio é mesmo a RESPONSABILIDADE uma vez que todos somos espelhos uns dos outros ao longo do caminho que percorremos. Mais do que aferir se o outro errou ou acertou, de acordo com expectativas pessoais, há que cada um entender e aferir porque é que atraiu a si um espelho e/ou uma situação assim. E aqui passamos para outro patamar - viver em conformidade com a coerência da verdade interna, assumindo que somos totalmente responsáveis por tudo o que dizemos, fazemos, pensamos e emanamos. Dom Miguel Ruiz fala bem disso no seu livro AS QUATROS VERDADES. 

Todos, de uma forma geral, quer pensar e passar a mensagem que são especiais, que os guia uma missão ou um caminho fora do comum. No fundo, no fundo, todos somos isso, sem dúvida! Claro que sim! Pois por detrás da capa da humanidade há um ser divino e luminoso em cada um de nós que nos quer guiar de forma persistente e insistente à luz da Fonte primordial. Contudo, nunca nos poderemos esquecer que isso está para lá, precisamente, de uma capa humana que conta com milénios de caminho na Terra, centenas de vidas em processo de cura e um esquecimento arrogante do que é sermos Uno com o Todo. Esquecemos-nos que a perfeição não é um conceito divino mas sim humano criado a partir de um consciente doente que nos impele à repressão e castração do amor próprio e poder pessoal. 

Sentados à mesa com a família, somos todos reflexo uns dos outros. Sentados num círculo, somos todos reflexos uns dos outros. Sentados na mesa do café a tecer considerações sobre alguém, sobre tudo e sobre nada, somos todos reflexos uns dos outros. E nenhum de nós está isento deste ciclo que teima em nos ensinar o reposicionamento para a nossa humanidade. 

Estamos ainda em 2016 que é o ano da Vivência da Responsabilidade. Tem sido um ano bem profícuo em lições nesse campo. Não há dúvidas quanto a isso. Em 2017 estaremos a ser convidados a viver a integração dos mundos da Mãe divina e sagrado, os mundos de cima e abaixo. Estamos preparados para tal? Quão profundas são as nossas raízes de consciência que nos permitem beber da fonte sagrada da Mãe? Estamos à vontade com os espelhos que atraímos? Ou ainda nos sentamos no lugar da vítima a julgar o pai, a mãe, o professor ou a mestre para os culpar das nossas más escolhas de vida?

Aproximam-se eclipses fortes que nos irão fazer questionar tudo isso. Estamos a preparar caminho para o que está para vir. Como está o nosso coração sagrado? Como está a nossa palavra de vida?

As reflexões são apenas isso - reflexões… propostas para sentirmos em nós como seguimos caminhando com o melhor que sabemos e podemos. Respiremos fundo, pois o Coração precisa de espaço e os pés são para caminhar na Terra.

Bom caminho a todos no amor e abundância da Criação. 

 

Isabel Maria Angélica

28 de Agosto de 2016